Blog de integração dos participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID - CAPES, do curso de Letras da Universidade Federal do Pampa, Campus Bagé, com a Escola Estadual de Ensino Médio Frei Plácido e com a Escola Estadual de Ensino Médio Luiz Maria Ferraz - CIEP.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Participação de bolsista em evento na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Nos dias 23 e 24 de agosto, participei do XII Encontro sobre Investigação na Escola, representando o grupo de bolsistas da Escola Silveira Martins. Segue abaixo o certificado de participação em evento e o texto que foi apresentado em uma das rodas de conversa.

Alfabetização, letramento (s) e gêneros: descrição e discussão de práticas efetivas.

Fernanda Cavalheiro Granato (granato.fc@gmail.com)
Alessandra Goulart D’Avila(alessandra-goulart@hotmail.com)
 Angélica Margaret Barbosa Cortez (angelica.alvarez2009@yahoo.com.br )
 Liane Barreto Silva (lianebsilva_@hotmail.com)
 Nathan Bastos (nathanbs600@hotmail.com)
Fabiana Giovani (fabiunipampa@gmail.com).
Resumo
            As práticas de leitura e escrita devem ser enfatizadas no trabalho com crianças desde muito cedo, sendo assim, buscamos nesse texto trazer para reflexão uma atividade com esse intuito. Esta faz parte de um conjunto de atividades organizadas e implementadas por um grupo de bolsistas do Programa Institucional de bolsas de Iniciação a Docência – PIBID. O objetivo principal é inserir alunos das séries de alfabetização (1º ao 5º anos do ensino fundamental) em um ambiente letrado através de atividades interdisciplinares. Temos como foco nessas atividades, principalmente, a produção de texto, com vistas ao desenvolvimento da oralidade, promovendo a interação além de trabalhar com a Língua Portuguesa em sua materialidade, isto é, em forma de textos, sejam orais e/ou escritos. Fundamentam essas práticas os pressupostos da teoria de Bakhtin (2011) que versa sobre o dialogismo, a questão das capacidades de linguagem forjadas por Dolz, Schneuwly et. Al. (2011) e as práticas de letramento, tendo como referência, nesse quesito, Soares (2004).

Palavras chave: séries iniciais, gêneros do discurso, motivação-escrita, teatro.

1.      CONTEXTO DO RELATO

            Este texto descreve certa experiência didática, desenvolvida por um grupo de bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) – Subprojeto Letras Português (2009)[1], em uma Escola Estadual, localizada no centro da cidade de Bagé – (RS). Esse grupo programou, no ano de 2012 e deu continuidade nesse ano, o projeto “Biblioteca Viva” [2] que teve por finalidade primeira dar uso ao vasto acervo de livros, principalmente infantis, que a biblioteca da escola possuía. Atividades como peças teatrais, cinema e contação de histórias foram propiciadas pelos encontros quinzenais do grupo com as crianças.            Em 2013, resolvemos mudar um pouco a metodologia, a principal diferença é que neste ano as crianças têm papel mais ativo na construção de conhecimentos. Assim, as atividades que estão sendo realizadas desde março desse ano têm por finalidade apresentar um gênero do discurso, de forma interativa, como antes, mas além de conhecer e reconhecer as características do gênero, a criança é convidada a produzir textos orais e escritos, inserindo-os assim, em um ambiente letrado.

            As atividades visam discutir situações do cotidiano das crianças, e as produções textuais tem por objetivo principal a socialização, pois como afirma KLEIMAN (2005, p.5): “Letramento é um conceito criado para referir-se aos usos da língua escrita não somente na escola, mas em todo lugar.” Levamos em consideração o que diz GERALDI (2011), que a linguagem é o lugar de constituição de relações sociais, onde os falantes se tornam sujeitos, assim, trabalhamos com os gêneros do discurso com o intuito de promover atividades que envolvessem os alunos, por meio de leituras dinâmicas, a prática de produção oral e escrita situadas, evitando atividades de decodificação ou que utilizem a intepretação pela interpretação.




2.      DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

            As atividades foram desenvolvidas quinzenalmente e a escolha dos gêneros foi feita levando em consideração as cinco capacidades da linguagem[3] com o intuito de que os alunos tivessem contato com os mais variados gêneros, a fim de despertar a imaginação, fazendo-os refletir sobre as temáticas apresentadas e, com isso, inseri-los em um ambiente letrado e trabalhar questões da Língua Portuguesa.
            Trabalhamos alguns gêneros do discurso por meio de peças teatrais e, durante a encenação, as personagens ‘dialogavam’ com os alunos buscando a interação e o desenvolvimento da oralidade. No começo da execução dessa prática, adaptamos alguns textos de acordo com a temática pretendida e com as turmas envolvidas, entretanto, após conhecê-los e perceber suas dificuldades, passamos a elaborar as atividades, criando textos que chamariam a atenção dos participantes e atenderiam suas necessidades.
            Uma das atividades realizadas foi a apresentação do texto “Emília: uma aprendiz de cientista”, com o intuito de desenvolver nos alunos a capacidade de reconhecer e elaborar o gênero receita. A história apresentada contava as artimanhas de uma menina que almejava ser cientista e, para isso, estudava muito e participava de feiras de ciências. Tentou, então, criar uma máquina de fazer batatas fritas rápida e segura, porém, fracassou. Resolveu fazer um suco da invisibilidade e não obteve êxito novamente, a personagem convida os alunos para lerem sua receita, pensando no que pode ter dado errado e solicita que cada aluno escreva a sua receita do suco da invisibilidade. Os momentos de diálogo e reflexão foram diversos como, por exemplo, quando Emília conversa com sua mãe sobre a troca de seu nome (identidade), sonhos e estudos, já que a menina (personagem) era interessada em alcançar seus objetivos. A partir desse contexto instigamos os alunos a pensarem, em como realizar seus sonhos e o que é necessário para realizá-los.

3.      ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO


Enquanto bolsistas de iniciação à docência e responsáveis pela reflexão da nossa prática, procuramos desenvolver atividades a partir de diferentes métodos, e por meio dessa reflexão percebemos alguns efeitos relevantes no que diz respeito à maneira como as práticas foram realizadas. O espaço escolar é fundamental para que possamos fazer essa análise e por isso nos fez perceber que as atividades realizadas em relação ao teatro na escola, foram o método mais significativo, que atingiu de forma integral os alunos inseridos nessa proposta educacional. Acreditamos que essa metodologia foi aceita de forma espontânea pelos alunos por tratar-se de uma atividade diferenciada, pois o espaço reservado ao diálogo e a troca de ideias é maior e por possuir foco na interação bolsista-aluno, fugindo do contexto rotineiro de sala de aula.
          Dentre os objetivos desse trabalho com peça teatral, está a apresentação de um determinado gênero discursivo, que proporciona aos alunos reconhecerem esse gênero e refletirem acerca do tema proposto por meio da interpretação da história em questão. A partir desse envolvimento aluno-peça teatral, solicitamos uma produção textual, a fim de desenvolvermos questões pertinentes à escrita. Um de nossos anseios era o de que não atingíssemos a todos, pois eram diversos os seus níveis de escrita, contudo, os alunos estavam se apropriando do gênero e desenvolvendo a produção escrita por estarem em um contato direto com o texto inserido na peça teatral.
            Por fim, para que houvesse uma continuidade e um maior rendimento quanto a essa prática de leitura, indicávamos livros que se encontram na biblioteca da escola, assim, além de atingirmos nossos objetivos quanto aos gêneros trabalhados, proporcionávamos uma busca por conhecimentos, motivando a prática da leitura, tendo em vista a diversidade do acervo da escola.
Tendo em vista que os alunos estavam em processo de alfabetização e que não possuíam um total domínio de leitura, tampouco habilidades para essa, despertamos, por meio de peças teatrais, o interesse desses alunos pelos livros. Também, a cada encenação, instigávamos-os a falarem as características que a peça apresentava. E ainda, apresentávamos livros infantis, com o intuito de que os alunos se tornem leitores ativos e desenvolvam a prática comunicativa perante a sociedade.

4.      CONSIDERAÇÕES FINAIS


A inserção dos alunos do processo de alfabetização, em ambientes letrados, por meio de atividades interdisciplinares proporcionou o desenvolvimento da oralidade e da escrita. Outro fator importante que contribuiu para esse desenvolvimento foi a interação dos bolsistas com os alunos enquanto discutiam a temática trabalhada ou trocavam ideias acerca da mesma.
 Percebemos a necessidade de motivá-los, por sermos um grupo de cinco bolsistas, passamos a atender os alunos individualmente. Essa atenção especial aos alunos, e a dinâmica usada nas peças teatrais, foram fatores que contribuíram para o progresso deles, além da exposição dos trabalhos em murais da escola. Notamos que alunos que antes apenas desenhavam, passaram a escrever frases, até mesmo textos curtos. Por meio dessas motivações, houve um progresso significativo nas produções escritas dos alunos.
A indicação de livros durante as encenações e o diálogo com os alunos sobre quais livros eles já haviam lido, despertou a curiosidade dos mesmos promovendo a procura pelos livros indicados na biblioteca. Diante disso consideramos de extrema importância o trabalho com atividades dinâmicas e inserção dos alunos em ambientes letrados, pois além de desenvolveram “as capacidades de: ler, ouvir, escrever, e falar”, passaram a interagir com os colegas, trocando ideias e indicando livros.




5.      REFERÊNCIAS


DOLZ, Joaquim. SCHNEUWLY, Bernard.  Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2011.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

GERALDI, João Wanderley. (orgs). O texto em sala de aula. São Paulo: Ática, 2011.

Giovani, Fabiana. O texto na apropriação da escrita. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). São Carlos: Brasil. 
2006.

Giovani, Fabiana. A ontogênese dos gêneros discursivos escritos na alfabetização. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) – Universidade Estadual Paulista. (UNESP). Araraquara: Brasil: 2006.

KLEIMAN, Ângela B. Preciso “ensinar” o letramento? Cefiel / IEL/ Unicamp, 2005.

SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação (Impresso), v. 51, p. 5-17, 2004.


[1] Este projeto faz parte do curso de Letras da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus Bagé - RS.
[2] O projeto “Biblioteca Viva” foi implantado pelos bolsistas do PIBID, na escola em junho de 2012. Com o objetivo de incentivar a leitura, organizou-se a biblioteca da escola e promoveram-se atividades lúdicas a fim de despertar o interesse dos alunos pela leitura literária.
[3] A esse respeito ver DOLZ, SCHNEUWLY et. Al. (2011).

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