Texto do evento na UNIVATES - em Lajeado
CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO “SER”
PROFESSOR: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA
Angélica Barbosa Cortez
Alessandra Goulart
D’Avila
Fernanda Cavalheiro
Granato
Liane Barreto Silva
Nathan Bastos de Souza
Orientador: Fabiana
Giovani
Resumo:
Este trabalho foi pensado para
tecer considerações acerca da formação de professores, formação inicial e
continuada. O tema do texto é a relação entre o lugar que estamos, enquanto
graduandos, e o lugar que estaremos mais tarde, graduados; relacionando os dois
lugares com a atuação profissional em sala de aula. No último ano tivemos
encontros com professores da Universidade que proporcionaram discussões sobre
determinadas teorias e propuseram práticas para o ensino básico. A sociedade
demanda professores que estejam envolvidos com a formação, com a atualização e
com a revisão de práticas pedagógicas. Vivemos o tempo do imediato e o
professor que se acomodar agora tende a perder espaço, em relação à
aprendizagem significativa e efetiva. O professor que se envolve com a formação
continuada desde a graduação já vivencia o aprofundamento que esta proporciona
antes mesmo de ter se formado. Como referencial teórico, nos apoiamos no que
empreendem Solarevicz(s/d), Nóvoa(2007) e Freire (1991). Consideramos, por fim,
que o professor deve se assumir curioso e como tal se manter em formação
continuada, pois a academia proporciona o básico apenas em regime de
obrigatoriedade, cabe ao próprio sujeito se reformular enquanto profissional.
Palavras-chave: Formação inicial.
Formação continuada. Inquietação. Curiosidade. Aperfeiçoamento.
Introdução:
Este trabalho visa refletir
questões pertinentes à formação de professores, seja inicial e/ou continuada.
Encontramo-nos em um lugar propício para tal reflexão, pois dentro do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na área de Letras, no
subprojeto Língua Portuguesa, estamos constituindo-nos na formação inicial e
vivenciando, “precocemente”, a formação continuada. Nosso propósito é discutir
no que implica a relação da formação continuada durante a formação inicial e
também o que traz de modificações às práticas de professores atuantes na rede
que se envolveram nessa atividade. Durante o último ano tivemos contatos com
professores-pesquisadores que proporcionaram encontros quinzenais de discussão,
sobre um lugar teórico, e propuseram uma prática para a sala de aula. Das sete
experiências que obtivemos ao participar das formações continuadas, cinco foram
aplicadas e tiveram um retorno aos professores formadores. As turmas envolvidas
foram do primeiro ano do Ensino Médio Politécnico, às quais obtiveram
envolvimento tanto no âmbito escolar, quanto na comunidade. A formação
dividia-se em duas partes: a primeira com uma proposta inicial para ser
aplicada, que poderia ser adaptada de acordo com o contexto, e a segunda que
visava apresentar os resultados obtidos.
Desenvolvimento:
Vivenciar, enquanto acadêmicos, a
formação continuada e buscar resultados nas escolas às questões sugeridas pelos
docentes da Universidade, faz-nos refletir no que estamos buscando, qual a
diferença que desejamos fazer no dia a dia desses alunos e qual profissional
queremos nos tornar. O ideal da formação continuada é proporcionar aos
professores, que atuam no ensino básico, novas práticas pedagógicas e, com
isso, motivar a renovação do conteúdo que, por vezes, torna-se rotina.
Portanto, a formação continuada é a saída possível para melhoras na qualidade
do ensino. Por ser tão recente, não possui teorias consistentes, elas estão em
processo (cf. Solarevicz [s/d]). A formação busca, além da atualização técnica
dos professores atuantes, que ocorra a transposição didática, encurtando a
distância entre a teoria estudada na Universidade e a prática desenvolvida na
escola, para auxiliar no tão desejado ensino significativo. O nosso trabalho em
conjunto com os professores da Universidade e da escola, oportuniza pensar em
metodologias inovadoras, e mais que isso, pensar na nossa formação, enquanto
futuros docentes, que possuem contato com os questionamentos advindos da
formação continuada. O propósito principal da formação continuada é a
atualização de práticas, pois como afirma Solarevicz [s/d]: “O profissional
consciente sabe que sua formação não termina na Universidade. Esta lhe aponta
caminhos, fornece conceitos e idéias, a matéria prima de sua especialidade.”
(p.6). Assim, na formação continuada se tem a possibilidade de aperfeiçoamento
de estudos que na formação inicial não foram aperfeiçoados e/ou ainda teorias
novas que foram empreendidas depois do período de graduação. Interessante, para
nossa reflexão é o que propõe Freire (1991) que diz: “Ninguém nasce educador ou
marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como
educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática” (p.58). Se
formar professor, assim dado, é estar em contato com os estudos durante todo o
período em que se exerce a profissão. Do princípio da vida acadêmica, enquanto
licenciando, e depois de graduado para que não torne a prática obsoleta.
Avaliação/discussão
dos resultados:
As falas dos
professores-pesquisadores proporcionaram os momentos de inquietação, que foi a
formação continuada, e a partir dessas nos fizeram pensar em metodologias
aplicáveis às proposições e interferir na sala de aula pensando em alunos que
usam a linguagem há certo tempo e já dominam uma variedade dela. Qual o nosso
papel, enquanto facilitadores, na relação aluno/conteúdo? Essa foi uma questão
que nos moveu a pensar. E é a ideia central da formação continuada, inquietar a
tal ponto de fazer com que, seres curiosos que somos, busquemos as
possibilidades de resoluções para a pergunta primeira. O importante é que nos
assumamos curiosos, que nos apropriemos dessas teorias que a ciência tem criado
e que consigamos analisar criticamente cada corrente de pensamento, antes de
segui-la ou aplicá-la cegamente, pensando que a academia sempre produzirá o bom
e o certo. É necessário ao professor desses tempos, uma formação sólida em
questões científicas, técnicas e políticas, para que efetue uma prática
pedagógica eficaz frente ao panorama escolar da atualidade. Aos que se formarem
ancorados no comodismo, a sociedade irá lhes impor revisão de técnicas, para
que o exercício de sua atividade seja capaz de fazer alguma diferença no âmbito
educacional em que estiver inserido. Do contrário, sua prática será
extremamente falha, do ponto de vista metodológico, teórico e/ou tecnológico.
Considerações Finais:
Se nos construímos professor e
não o somos/nascemos sendo, temos que a profissão não nos é dada, ela é parte
de uma constituição, de um processo. Nesse sentido, a formação continuada nos
auxilia no desenvolvimento da nossa identidade, como futuros docentes, pois a
tensão entre a teoria e a prática faz-nos constituir o “ser” professor.
Salienta-se ainda, o nosso engrandecimento enquanto discentes do curso de
Letras e a experiência no instante em que a formação continuada se realiza em
paralelo com a formação inicial. Temos o conhecimento estabelecido como
obrigatório para a formação de um graduando em letras, e na formação continuada
é a proximidade e o aprofundamento que nos permite esse tipo de prática. As
hipóteses de trabalho e as ideias de intervenções futuras, quando seremos
docentes graduados, serão baseadas nesses estudos que foram empreendidos desde
o início da graduação no curso. As perguntas irão nos mover enquanto estivermos
na prática, às respostas sempre suscitarão outras perguntas e assim
sucessivamente.
Referências:
FREIRE, Ana Maria de Araújo. A
Formação Permanente. In: FREIRE, Paulo: Trabalho, comentário, Reflexão.
Petrópolis: Vozes, 1991.
NÓVOA, António. O regresso dos
professores. Conferência de Desenvolvimento profissional de professores para a
qualidade e para a equidade da Aprendizagem ao longo da Vida. Lisboa, 2007.
SOLAREVICZ, Maíra Maria Prohmann
de Lima. A construção do educador pela formação continuada com base na prática
escolar. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2337-8.pdf Acesso 27
de março de 2013.
SOLAREVICZ, Maíra Maria Prohmann
de Lima. A importância da formação continuada no caso do magistério paranaense.
Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2337-6.pdf Acesso
27/03/2013. Acessado no dia 27 de março de 2013.
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