Blog de integração dos participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID - CAPES, do curso de Letras da Universidade Federal do Pampa, Campus Bagé, com a Escola Estadual de Ensino Médio Frei Plácido e com a Escola Estadual de Ensino Médio Luiz Maria Ferraz - CIEP.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Texto do evento na UNIVATES - em Lajeado


CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO “SER”
PROFESSOR: FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA

Angélica Barbosa Cortez
Alessandra Goulart D’Avila
Fernanda Cavalheiro Granato
Liane Barreto Silva
Nathan Bastos de Souza
Orientador: Fabiana Giovani
Resumo:

Este trabalho foi pensado para tecer considerações acerca da formação de professores, formação inicial e continuada. O tema do texto é a relação entre o lugar que estamos, enquanto graduandos, e o lugar que estaremos mais tarde, graduados; relacionando os dois lugares com a atuação profissional em sala de aula. No último ano tivemos encontros com professores da Universidade que proporcionaram discussões sobre determinadas teorias e propuseram práticas para o ensino básico. A sociedade demanda professores que estejam envolvidos com a formação, com a atualização e com a revisão de práticas pedagógicas. Vivemos o tempo do imediato e o professor que se acomodar agora tende a perder espaço, em relação à aprendizagem significativa e efetiva. O professor que se envolve com a formação continuada desde a graduação já vivencia o aprofundamento que esta proporciona antes mesmo de ter se formado. Como referencial teórico, nos apoiamos no que empreendem Solarevicz(s/d), Nóvoa(2007) e Freire (1991). Consideramos, por fim, que o professor deve se assumir curioso e como tal se manter em formação continuada, pois a academia proporciona o básico apenas em regime de obrigatoriedade, cabe ao próprio sujeito se reformular enquanto profissional.
Palavras-chave: Formação inicial. Formação continuada. Inquietação. Curiosidade. Aperfeiçoamento.

Introdução:

Este trabalho visa refletir questões pertinentes à formação de professores, seja inicial e/ou continuada. Encontramo-nos em um lugar propício para tal reflexão, pois dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na área de Letras, no subprojeto Língua Portuguesa, estamos constituindo-nos na formação inicial e vivenciando, “precocemente”, a formação continuada. Nosso propósito é discutir no que implica a relação da formação continuada durante a formação inicial e também o que traz de modificações às práticas de professores atuantes na rede que se envolveram nessa atividade. Durante o último ano tivemos contatos com professores-pesquisadores que proporcionaram encontros quinzenais de discussão, sobre um lugar teórico, e propuseram uma prática para a sala de aula. Das sete experiências que obtivemos ao participar das formações continuadas, cinco foram aplicadas e tiveram um retorno aos professores formadores. As turmas envolvidas foram do primeiro ano do Ensino Médio Politécnico, às quais obtiveram envolvimento tanto no âmbito escolar, quanto na comunidade. A formação dividia-se em duas partes: a primeira com uma proposta inicial para ser aplicada, que poderia ser adaptada de acordo com o contexto, e a segunda que visava apresentar os resultados obtidos.

Desenvolvimento:

Vivenciar, enquanto acadêmicos, a formação continuada e buscar resultados nas escolas às questões sugeridas pelos docentes da Universidade, faz-nos refletir no que estamos buscando, qual a diferença que desejamos fazer no dia a dia desses alunos e qual profissional queremos nos tornar. O ideal da formação continuada é proporcionar aos professores, que atuam no ensino básico, novas práticas pedagógicas e, com isso, motivar a renovação do conteúdo que, por vezes, torna-se rotina. Portanto, a formação continuada é a saída possível para melhoras na qualidade do ensino. Por ser tão recente, não possui teorias consistentes, elas estão em processo (cf. Solarevicz [s/d]). A formação busca, além da atualização técnica dos professores atuantes, que ocorra a transposição didática, encurtando a distância entre a teoria estudada na Universidade e a prática desenvolvida na escola, para auxiliar no tão desejado ensino significativo. O nosso trabalho em conjunto com os professores da Universidade e da escola, oportuniza pensar em metodologias inovadoras, e mais que isso, pensar na nossa formação, enquanto futuros docentes, que possuem contato com os questionamentos advindos da formação continuada. O propósito principal da formação continuada é a atualização de práticas, pois como afirma Solarevicz [s/d]: “O profissional consciente sabe que sua formação não termina na Universidade. Esta lhe aponta caminhos, fornece conceitos e idéias, a matéria prima de sua especialidade.” (p.6). Assim, na formação continuada se tem a possibilidade de aperfeiçoamento de estudos que na formação inicial não foram aperfeiçoados e/ou ainda teorias novas que foram empreendidas depois do período de graduação. Interessante, para nossa reflexão é o que propõe Freire (1991) que diz: “Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática” (p.58). Se formar professor, assim dado, é estar em contato com os estudos durante todo o período em que se exerce a profissão. Do princípio da vida acadêmica, enquanto licenciando, e depois de graduado para que não torne a prática obsoleta.

Avaliação/discussão dos resultados:

As falas dos professores-pesquisadores proporcionaram os momentos de inquietação, que foi a formação continuada, e a partir dessas nos fizeram pensar em metodologias aplicáveis às proposições e interferir na sala de aula pensando em alunos que usam a linguagem há certo tempo e já dominam uma variedade dela. Qual o nosso papel, enquanto facilitadores, na relação aluno/conteúdo? Essa foi uma questão que nos moveu a pensar. E é a ideia central da formação continuada, inquietar a tal ponto de fazer com que, seres curiosos que somos, busquemos as possibilidades de resoluções para a pergunta primeira. O importante é que nos assumamos curiosos, que nos apropriemos dessas teorias que a ciência tem criado e que consigamos analisar criticamente cada corrente de pensamento, antes de segui-la ou aplicá-la cegamente, pensando que a academia sempre produzirá o bom e o certo. É necessário ao professor desses tempos, uma formação sólida em questões científicas, técnicas e políticas, para que efetue uma prática pedagógica eficaz frente ao panorama escolar da atualidade. Aos que se formarem ancorados no comodismo, a sociedade irá lhes impor revisão de técnicas, para que o exercício de sua atividade seja capaz de fazer alguma diferença no âmbito educacional em que estiver inserido. Do contrário, sua prática será extremamente falha, do ponto de vista metodológico, teórico e/ou tecnológico.

Considerações Finais:

Se nos construímos professor e não o somos/nascemos sendo, temos que a profissão não nos é dada, ela é parte de uma constituição, de um processo. Nesse sentido, a formação continuada nos auxilia no desenvolvimento da nossa identidade, como futuros docentes, pois a tensão entre a teoria e a prática faz-nos constituir o “ser” professor. Salienta-se ainda, o nosso engrandecimento enquanto discentes do curso de Letras e a experiência no instante em que a formação continuada se realiza em paralelo com a formação inicial. Temos o conhecimento estabelecido como obrigatório para a formação de um graduando em letras, e na formação continuada é a proximidade e o aprofundamento que nos permite esse tipo de prática. As hipóteses de trabalho e as ideias de intervenções futuras, quando seremos docentes graduados, serão baseadas nesses estudos que foram empreendidos desde o início da graduação no curso. As perguntas irão nos mover enquanto estivermos na prática, às respostas sempre suscitarão outras perguntas e assim sucessivamente.

Referências:

FREIRE, Ana Maria de Araújo. A Formação Permanente. In: FREIRE, Paulo: Trabalho, comentário, Reflexão. Petrópolis: Vozes, 1991.
NÓVOA, António. O regresso dos professores. Conferência de Desenvolvimento profissional de professores para a qualidade e para a equidade da Aprendizagem ao longo da Vida. Lisboa, 2007.
SOLAREVICZ, Maíra Maria Prohmann de Lima. A construção do educador pela formação continuada com base na prática escolar. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2337-8.pdf Acesso 27 de março de 2013.
SOLAREVICZ, Maíra Maria Prohmann de Lima. A importância da formação continuada no caso do magistério paranaense.
Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2337-6.pdf Acesso 27/03/2013. Acessado no dia 27 de março de 2013.



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