Blog de integração dos participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID - CAPES, do curso de Letras da Universidade Federal do Pampa, Campus Bagé, com a Escola Estadual de Ensino Médio Frei Plácido e com a Escola Estadual de Ensino Médio Luiz Maria Ferraz - CIEP.

domingo, 18 de abril de 2010

Inovar...o que é isso?


Um dos compromissos do PIBID é oportunizar à escola a possibilidade de desenvolver propostas inovadoras de ensino. No caso do nosso sub-projeto, no âmbito do ensino de literatura, português e espanhol.

Escutei em um certo momento alguém afirmar que a possibilidade de existência dessas "inovações" era uma ilusão, já que nada era, de fato, "inovador".

Fiquei pensando nisso por alguns dias e também lembrei de algumas conversas que já tive com uma colega da UNIPAMPA, também da Linguística Aplicada, como eu, que se interessa pela temática da "inovação".

Na verdade, penso que podemos articular esse assunto a partir da análise de três eixos, antes de tentar pensá-lo como um "todo" auto-evidente, como tende a acreditar a maioria:

a)inovar em relação ao "objeto" a ser ensinado;
b)inovar em relação ao gerenciamento da aula;
c)inovar em relação aos recursos e estratégias de ensino.


a) Inovar em Relação ao "objeto" a ser ensinado:
nesse aspecto, a atenção ao que dizem os documentos oficiais (PCN´s, Referenciais, Orientações Curriculares, etc.) é fundamental. Não sou dogmática sobre o que dizem tais documentos, mas é inegável que é impossível pensar em "inovação" sem levar em conta mudanças substanciais nesse sentido, principalmente atentando para o fato de que a unidade mínima de análise para o ensino da língua (materna e estrangeira) atualmente é o TEXTO (não é a oração, não é a palavra, não é o fonema, nem qualquer outra unidade anteriormente establecida). Portanto, muitos "conteúdos" que até hoje aparecem nos planos de estudos das disciplinas, precisam ser, no mínimo, questionados;

b) Inovar em Relação ao Gerenciamento da aula: quando eu fazia faculdade e depois quando me tornei professora (lá no ano de 1999) sempre as professoras mais antigas falavam em "domínio de classe" (leia-se capacidade de manter silêncio, obediência, etc.) como uma característica imprescindível ao docente. Sei que até hoje nos velhos cursos de Magistério ainda se faz isso (ignorando totalmente a condição desse sujeito escolar contemporâneo, que não se deixa "gerenciar" assim tão facilmente). Então, nos últimos anos, e por influência de algumas correntes pedagógicas e psicológicas, escuta-se muito falar em "professor compreensivo", "amigo", etc. Estipulou-se, então, como condição para uma aula "fluir", que o professor passasse a agir assim, atribuindo ao aluno um olhar mais "humano", independente de mudar ou não o objeto a ser ensinado;


c) Inovar em relação aos recursos e estratégias de ensino:
também recorrente nos discursos educacionais, esse aspecto está atrelado à idéia de que a aula deve ser sempre "divertida", com formato e recursos "entendidos" como motivadores, tais como os recursos de informática, os jogos, as gincanas, os vídeos, etc. Nessa visão, é perfeitamente possível dar uma "aula atrativa" de velhos "conteúdos". Ou seja, sem mudança substancial (ou mudança alguma) no "objeto" a ser ensinado.

É hora de enfatizar que nosso MAIOR desafio enquanto membros do PIBID seja primordialmente agir na primeira visão de inovação, em relação ao "objeto" a ser ensinado, pois as outras visões (claramente mais evidentes nos cenários educativos) podem se dar de uma maneira mais ou menos intuitiva, mais ou menos produtiva sem muitas reflexões, leituras ou sistematizações.

Nosso compromisso é com o "objeto" a ser ensinado no sentido de que mudanças nesse "âmbito" são muito mais profundas do que nos demais, embora não queiramos (ou não possamos) ignorar os outros aspectos (tão demandados pelos próprios alunos).

Não podemos nos limitar a atuar apenas no "gerenciamento de aula" e em relação aos "recursos e estratégias de ensino", sob pena de pensar apenas na perfumaria, no problema imediato (atender as demandas dos alunos) e não na função social que a área da linguagem tem na formação dos estudantes (e como poderá limitar ou expandir suas possibilidades de atuação na vida adulta, como ator social, como cidadão, etc).

Não nos esqueçamos disso.

Valesca Brasil Irala

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