Blog de integração dos participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID - CAPES, do curso de Letras da Universidade Federal do Pampa, Campus Bagé, com a Escola Estadual de Ensino Médio Frei Plácido e com a Escola Estadual de Ensino Médio Luiz Maria Ferraz - CIEP.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Etcheverry, Pocho e Temporelli, divergências e convergências.

No livro “La tragedia educativa”, de Guillermo Jaim Etcheverry, o autor descreve a crise na educação mundial, dando ênfase para a crise da educação na Argentina. Ele parte do princípio que dentre vários problemas que a educação mundial enfrenta, um dos principais são as crises dos sistemas educacionais atuais e dos profissionais da área. Para ele, além da crise social de uma sociedade que tem preguiça de pensar, pois está condicionada a informação mastigada dos meios de comunicação.

Os professores estão desestimulados e despreparados. A escola deve adotar métodos clássicos de ensino. Para ele deve existir um distanciamento entre a escola e a realidade social.

“Precisamente, a ese objetivo debería apuntar la escuela, a mostrar alternativas, a enseñar a los jóvenes que el modo de ver la realidad a la que están expuestos casi todas las horas de todos sus días no es el único posible”. (Etcheverry, p.97)”

Esse é um dos pontos que divergem da obra “Profe, no tengamos recreo!”, de Salvador (Pocho) Ottobre e Walter Temporelli. Para eles, a educação deve ser algo prático e agradável e deve dialogar com os meios de comunicação e sua estrutura como, por exemplo, no exercício El Sapo e La Rana, em que os alunos se tornam publicitários e tem que melhorar a imagem dos personagens.

Já Etcheverry abomina a relação de ensino e meios de comunicação como podemos ver no capítulo 3, no subtítulo La educación “espetáculo”: la televisión, la escuela “divertida”, no qual ele faz severas críticas na utilização dos meios de comunicação para o auxílio no ensino, como podemos ver no trecho abaixo:

“Precisamente, a este mimetismo con el entretenimiento omnipresente responde el interes de técnicas que prometen atajos para lograr mejores notas aprendiendo sin esfuerzo. El peligro de esta simbiosis reside en que se transmite el siguiente mensaje: si no se divierte, no aprende”. (Etcheverry, p. 97)

No trecho abaixo do livro de Pocho e Temporelli, podemos notar a divergência de pensamento a cerca da utilização dos meios de comunicação.

(...) “... si tienen algo viejo que dicir, díganlo de una forma novedosa”. De igual forma, los educadores deberían plantearse amoldar los viejos contenidos incluidos en los currículum académicos, de manera que aperezcan modernos y contemporáneos; crear un anzuelo que arranque el esfuerzo imprescindible para el aprendizaje e integrarlo en una propuesta que suscite la alegría por el trabajo y el conocimiento. (Pocho, Temporelli, p. 130)

Neste outro ponto podemos ver outro antagonismo de idéias, enquanto Pocho e Temporelli acreditam que o aluno deve ser autônomo e a aprendizagem deve se dar através da motivação, motivando o aluno ele vai achar prazeroso aprender e ter curiosidade para buscar mais, Etcheverry diz o seguinte:

“aprender es un trabajo, una tarea nada sencilla que demanda sacrifícios. Que aprender supone que cada persona emprenda un esfuerzo individual destinado a modificarse a si misma, por lo general con ayuda de otros.” (Etcheverry, p. 99)

O ponto em que ambos concordam é que o aluno deve aprender a pensar por si só e a refletir a cerca de questões do cotidiano e a cerca dos problemas sociais, que um dos papeis da escola é de formar cidadãos.

Porém a lógica de Etcheverry parece um tanto paradoxal para uma condição social pós-moderna. Segundo ele o ensino tradicional deu certo durante muito tempo e porque não daria certo agora. Posso tentar responder o porquê de não dar certos nos tempos de hoje. O quadro negro para a nova geração é visto com certo estranhamento, pois os alunos estão acostumados a receber em telas toda e qualquer informação e em movimento e não em quadros e congeladas. O tempo é outro, enquanto um aluno na internet viaja por links e obtém diversas informações resumidas em um curto espaço de tempo. Na sala de aula o tempo é mais lento. O ensino tradicional de um professor exercitando a retórica durante horas, quase como um monólogo, hoje já não é tão atraente com fora no século passado. O tempo é outro e os alunos são outros e os interesses também. Penso então que o professor deve sim costurar o conteúdo com a realidade do aluno como Pocho e Temporelli. O ensino tem que ser atraente sim, pois de que forma um aluno que passa o dia sendo bombardeado e estimulado por propagandas publicitárias vai se sentir atraído por algo estagnado. Para o aluno uma aula tradicional pode parecer estagnada no tempo. Presenciei nas minhas observações que efetuei em turmas do segundo grau o quanto é eficiente a utilização de meios audiovisuais dialogando com o conteúdo. E o quanto motiva e estimula os estudantes levar para sala de aula práticas pedagógicas diferentes que quebram um pouco a rotina e exercitam a criatividade. O aluno não tem só que aprender, mas também aprender a refletir.

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