Blog de integração dos participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID - CAPES, do curso de Letras da Universidade Federal do Pampa, Campus Bagé, com a Escola Estadual de Ensino Médio Frei Plácido e com a Escola Estadual de Ensino Médio Luiz Maria Ferraz - CIEP.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O que entendemos por "escola tradicional"?



Entre os quatro livros sugeridos para leitura nas férias, resolvi iniciar pela leitura do livro de Jaume Trilla, cujo título é: “A pedagogia da felicidade: superando a escola entediante”. A escolha por essa leitura inicial é muito simples, resume-se na palavra: curiosidade. O que será que o autor vai falar sobre a felicidade e a pedagogia? Os dois pontos que separam o título do livro, colocando a palavra “felicidade” de um lado e a palavra “entediante” do outro, me fez querer entender essa relação de contraposição (feliz versus tédio) com a famosa pedagogia. Até então, só conhecia a famosa “pedagogia do oprimido”, do famoso pedagogo Paulo Freire.
Para iniciar o assunto, nos quatro primeiros capítulos (parte I), o autor apresenta e discute a ideia de “escola tradicional”. O que isso quer dizer? O que nós entendemos por “escola tradicional”? Essa escola é “boa”, é “ruim”, é “ultrapassada”? O que ela é afinal? Segundo o autor, essa denominação começou a fazer parte do discurso pedagógico principalmente, a partir do movimento Escola Nova. O que aconteceu é que, desde então, tal denominação foi profusa e utilizada com ambigüidade. A ideia é simples: “o tradicional é o que não é o novo”. Mas será que a “escola tradicional” é a do passado? Só existiu no século xx? A “escola tradicional” é aquela que existiu para que os alunos ficassem entediados?
O autor do livro apresenta recordações de alguns narradores que viveram a adolescência entre os anos de 1950 e 1960 para saber sobre a imagem que eles faziam da escola. Em síntese, aparecem adjetivos como: “inútil”, “monótona”, “tédio”, “rotina”, etc. Ressalta-se ainda, as punições, as cópias intermináveis, a obrigação da memorização... Ainda falando da escola tradicional, o ensino da leitura e da escrita por meio de um discurso carente de conteúdo verdadeiro apresenta uma “linguagem inútil e falsa, uma linguagem que não cumpre nenhuma das autenticas funções de comunicação”. (p.41). Mas ainda estamos falando da “escola tradicional”, aquela do século passado, lembra?
Jaume Trilla aborda brilhantemente o tema “escola tradicional”, explicando as modificações do século XV até os dias atuais. E hoje, temos uma “escola tradicional” ou uma “escola nova”? Em consonância com a ideia do autor, acredito que “envernizou-se a pedagogia tradicional com uma camada de modernidade, uma camada tão superficial que não altera a fundo o sistema originário, mas que pode diminuir sim a sua capacidade operacional” (p.65). Nessa direção que caminham as escolas, rejeitando o “tradicional” e aderindo o “novo” porque dizem que é melhor, é “atual”. O preocupante é vulnerabilidade da ideia que se tem do “novo” e do “tradicional”, a incompreensão da melhor maneira de contribuir para a realidade educativa atual.
No último capítulo do livro, o autor questiona: “a educação deve ser um meio de conservação ou de transformação social?” Contudo, ele salienta que a partir dessa pergunta há discursos tão abstratos por parte de professores e estudantes, que “nunca conseguem referir este discurso na realidade dos fatos educativos concretos” (p. 188). E as orientações para as ações pedagógicas e o fim educativo? Esses também são abstratos... Sobre a “felicidade”, ou ainda, sobre a “pedagogia da felicidade” eu escrevo depois, por enquanto, a gente tenta compreender o “tradicional” para superar a escola entediante.

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