Curta-metragem “Na palma da mão”: uma experiência na educação básica
O ensino no novo século tem a tecnologia como sua parceira ou inimiga. Ao mesmo tempo em que ela vem para auxiliar o professor, pode também distanciar ainda mais o conteúdo a ser apresentado. Os alunos do novo século estão acostumados a hiper-velocidade que as informações são apresentadas na cultura digital, uma cultura que converte átomos em bits (NEGROPONTE, 1995). O papel do professor do novo século é conseguir de alguma forma converter o conteúdo bruto, impresso (átomos) em um conteúdo digital e interativo (bits). Desta forma, o projeto curta-metragem “Na palma da mão” vem com a proposta de utilizar aparelhos interativos do dia-a-dia, como o celular e as câmeras digitais, como meios facilitadores de aprendizagem. A sétima arte tem em sua estrutura a capacidade híbrida que consiste em unir os diversos ramos das artes em um só, a imagem. Utilizando os celulares e câmeras digitais para a produção de curtas-metragens de no máximo cinco minutos, o projeto teve como objetivo a produção de roteiros para os curtas-metragem como exercício de síntese e produção textual. Os alunos tiveram contato com o texto de uma forma mais leve, exercitando a criatividade e a re-textualização, trazendo para o cotidiano o texto a ser trabalhado. E juntamente com isso tentando fazer uma reflexão a cerca dos aparelhos moveis como sendo não apenas aparelhos do dia-a-dia utilizados para o entretenimento e comunicação como também aparelhos que podem servir de ferramenta para criar arte..
O projeto curta-metragem “Na palma da mão” foi aplicado na Escola Estadual Frei Plácido, nas turmas 103 e 104, do primeiro ano do Ensino Médio. Os encontros ocorreram em de três horas aula, num total de 9 horas-aula. No primeiro encontro de três horas aula, a turma foi dividida em cinco grupos de cinco integrantes. Foram apresentadas noções básicas sobre movimentos de câmera como enquadramentos, planos e também iluminação, além de alguns exemplos para despertar a criatividade e exemplificar as técnicas apresentadas, servindo de base para as gravações dos curtas-metragens. No segundo encontro de três horas, a turma teve uma aula sobre produção de roteiro nas primeiras duas horas. Nesta aula foram apresentadas algumas regras para escrever um roteiro. Os textos escolhidos para os roteiros foram crônicas do escritor Luis Fernando Veríssimo, que faziam parte do conteúdo trabalhado em aula pela professora de literatura. A última hora aula serviu para os grupos tirarem suas duvidas e também começaram a escrever os roteiros com base nas crônicas escolhidas. Os curtas foram gravados pelos alunos no horário extra-classe, bem como a edição. No terceiro encontro, os alunos apresentaram os curtas-metragens relatando oralmente sobre os filmes e entregaram os roteiros. Posteriormente, foi feito uma avaliação sobre o projeto aplicado com as duas turmas para constatar a opinião dos alunos e suas dificuldades. Ao todo foram produzidos sete curtas-metragens por as duas turmas. Foi constatado que apesar dos alunos terem que se expressarem a partir de uma linguagem que a principio eles não estavam acostumados a se expressar que era a imagem. Os mesmos tiveram muita facilidade na transformação de uma crônica para uma imagem. E nas avaliações foi quase unânime pelos alunos que a maior dificuldade foi na produção dos roteiros.
Isso mostra que os alunos conseguem se expressar muito melhor através de um meio do qual lhes é familiar que é a imagem. A priori poderíamos pensar que a grande dificuldade enfrentada pelos alunos seria transformar uma crônica em um vídeo criativo e com tempo estipulado que foi de até cinco minutos. Mas não os alunos se empenharam a fundo e produziram ótimos vídeos. O projeto conseguiu atingir seu objetivo que foi de fazer com que os alunos tivessem um contato com um texto literário de uma forma mais leve e mesmo assim buscando uma reflexão mais profunda sobre o texto. Com isso os alunos para produzirem tanto os vídeos como os roteiros tiveram que fazer uma retextualização adaptando as crônicas para roteiros de cinema. Salvador (Pocho) Ottobre e Walter Temporelli (2009) no livro Profe, no tengamos recreo!, refletem que constantemente os alunos estão expostos a uma série de elementos que são mais tentadores do que os apresentados em sala de aula. “Acoso, asedio y envolvimiento, son palabras que definen la nueva situación de la escuela y la enseñanza con relación a su entorno”. (p. 130.)
Por fim acredito que o projeto aplicado nas turmas foi proveitoso para os alunos e uma grande experiência para mim que não tinha tido contato com a sala de aula ainda. Ensinar é um trabalho árduo e conseguir a atenção dos alunos em uma época que existem tantas distrações é mais difícil ainda.
2 comentários:
Muito bom!
3 de fevereiro de 2011 às 20:09Fui atrás deste projeto a partir do nosso encontro em Caçapava, na oficina "Buenas e Tal..." Adorei a tua ideia do curta metragem. Fiquei com vontade de criar algo parecido com minhas turmas de ensino médio. Será que posso usar a tua ideia? Gostaria de saber como encontro as informações a respeito da criação dos roteiros.
20 de julho de 2011 às 08:32Parabéns pelo teu trabalho.
Sucesso na carreira de professor!
Um grande abraço.
Giane T Goulart
PS: Tu podes me enviar e mail para: giteixeira0903@hotmail.com
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